sexta-feira, 22 de maio de 2015

#ViancoBooks - O Caminho do Poço das Lágrimas

Saudações terráqueos, bem vindos a mais um capítulo
do #DiárioDeLeitura, continuando nossa sequência #ViancoBooks,
que está chegando ao final!!

O livro de hoje é o "O Caminho do Poço das Lágrimas",
13° obra escrita por Vianco, que a exemplo de "A Casa",
tem um lado emocional e tocante mais aflorado,
porém igualmente sombrio e tenebroso.




Este livro eu tenho desde 2008, ano de seu lançamento,
e quando comecei a escrever essa série de postagens,
já comecei a ficar com um certo receio,
de como seria quando chegasse a vez de escrever sobre ele,
visto que eu sempre encarei todos os fatos do enredo
bem complexos e complicados de entender.
Tanto que originalmente no meu roteiro, ele seria
o último a ser escrito, para eu ter tempo de dissecar
pensamentos a respeito desta história.

Em 2008 eu tinha 19 anos, e nestes 7 anos que se passaram
minha visão, percepção e muitas coisas mudaram,
e recentemente após largar um pouco o whatsapp
e reler este livro com muita calma e atenção,
pude refletir bem melhor sobre todos os elementos,
todos os cenários, tudo que faz parte do enredo.
Mas foi tudo com muita atenção mesmo, reli vários trechos
para poder refletir mais a fundo o que não ficou
bem definido em minha mente, e após o término
fiquei extasiado com a mensagem passada.

O livro retrata a história de Jonas e seus filhos Ingrid e Bosco,
em um cenário tipicamente natural para algumas famílias:
O pai ausente por conta do trabalho,
que finalmente tira um tempo para os filhos,
mas acaba tendo que retornar rapidamente de uma viagem,
justamente por causa de trabalho.

Nossa aventura se inicia quando nossos 3 amigos
despertam em um local desconhecido, fora do carro,
e sem saber o que aconteceu, e a única alternativa
é seguir no Caminho do Poço das Lágrimas.
Mas que caminho é esse, porque não podem se desviar
do trajeto, e para onde leva?

São vários os questionamentos,
enquanto Bosco tem sede, Ingrid pressa, e Jonas medo.
Muitos acontecimentos vão se desenrolando
no decorrer da travessia deste caminho, e é preciso
ler com calma para ir desenhando na mente todo
este cenário que foi desenvolvido.

A mensagem central do livro, é deixar uma mensagem
sobre um fato normal e corriqueiro, que acontece diariamente,
mas que causa um impacto difícil
de ser compreendido e refletido, que é a morte.

Digo difícil, pelo sentimento que transpassa nosso peito
quando passamos pela experiência da morte de alguém querido.

É muito fácil dizer em palavras o sentido do fim desta vida
que enfrentamos todos os dias aqui,
e que nossa história não se finda para sempre,
ela continua de uma outra maneira,
que não sabemos dizer como, pois ainda não chegamos lá,
e só saberemos quando cada um de nós fizer esta travessia
para o outro lado do manto.

Porém na prática, lá no fundo, é um pouco difícil de se
entender racionalmente este fenômeno natural,
pelo que diz respeito ao nosso sentimento,
e a dor da perda física, e de lidar com este fato no dia a dia,
quando quem "perdemos" não estará mais diante de nós,
rindo, chorando, abraçando e convivendo.

"O Caminho do Poço das Lágrimas" traz em suas páginas,
significados interessantes, que com certeza já aconteceram
pelo menos uma vez com muitos de nós.

Sabe aquela sensação de ouvir uma voz interna,
ou sabe-se lá de onde, te alertando sobre algo?
Aquela voz que podemos ouvir dentro de nossa cabeça,
nos dando uma dica, um toque de que algo não muito bacana
pode acontecer, que é melhor mudar a rota,
que é melhor ir pra outro lugar, que é melhor
não seguir em tal atividade?

De onde será que essa ajuda desconhecida vem?
Ela é real? É coisa de nossa cabeça?
Qual sua opinião sobre isso?
Já teve alguma experiência semelhante?

São muitas perguntas, que algumas vezes é difícil
explicar e se compreender.

Já tive várias "perdas" em minha vida,
com familiares e amigos que vieram a falecer,
inclusive o falecimento de Bolaños me marcou extremamente,
mesmo sem nunca ter visto o próprio pessoalmente,
mas até recentemente, nunca tinha passado
por uma experiência tão próxima e marcante,
pois se tratou de uma convivência diária,
de intensos e novos acontecimentos,
que me envolveram extremamente.

No começo deste ano, ganhamos um novo amigo
que começou a habitar o quintal de casa,
e ganhou o nome de Madruguinha Soriano.
Um gatinho muito brincalhão, que simplesmente
apareceu por aqui e resolveu ficar.

Eu que acabei me tornando o dono oficial,
cuidando dele, alterando totalmente minha rotina,
e mesmo sem nenhuma experiência, fui aprendendo
a lidar com esta nova realidade, e passando
por inúmeros momentos, que variavam de
alegres até aos mais aborrecidos, quando
ele insistia em derrubar os vasos de minha mãe,
espalhando terra por todo o quintal.

Eu tive a oportunidade de viver esta realidade
por praticamente 3 meses, e infelizmente esta
realidade de alterou, com o precoce falecimento
de Madruguinha, que já tinha conquistado a todos,
se tornando oficialmente um membro da casa e da família.

Eu, mergulhado intensamente nesta realidade,
fiz todo o meu possível para cuidar e trazer ele
de volta a convivência em nosso lar,
fato que não aconteceu, pois ele cruzou o manto,
e é indescritível a experiência que foi os rápidos acontecimentos,
desde socorrer, até visitar no veterinário,
e por fim o último adeus, e todo o processo após o ocorrido:
limpar sua casinha, sua caixinha de areia,
doar o que tinha sobrado da ração e areia,
e agradecer a todos os profissionais que me ajudaram
na lida de seus cuidados, bem como os amigos.

Hoje, rumo a completar dois meses de sua passagem,
volta e meia me pego a pensar em como foi tudo tão rápido,
e muitas vezes não consigo compreender plenamente
esta ausência, e algumas vezes tenho a sensação
de que vou chegar em casa, e ele virá correndo
como sempre fazia, ou ao me ouvir me preparando
para ir trabalhar, vai ficar chamando minha atenção
com seu miado, ou que falhei na missão de zelar por ele.

O que sei, é que passar por essa experiência
acrescentou muito em meu viver,
e sei que o Madruguinha continua vivo em um outro lugar,
que não sabemos exatamente como é, e assim como
todos que conheço, um dia estaremos todos juntos,
continuando uma missão, mas que não dá pra ser compreendida
aqui, e isso gera revoltas em muitas pessoas,
achando que a partida de alguém é um castigo ou uma punição,
sendo que é a única certeza que temos, é que este dia chegará
para todos, independente de cor, raça, credo, religião e sexualidade.

Infelizmente algumas partidas são violentas,
ceifadas antes do tempo, por motivos que fogem
de nossa compreensão humana, e só nos resta
confiar em algo que dá sustento e forças.
Para mim, esta força se chama Deus.

"O Caminho do Poço das Lágrimas" vem trazer
em nossas vidas, uma forma diferente de enxergar
a experiência da morte, mesmo não sabendo ao certo
como ela vem, o que acontece com quem faz a travessia,
como ela se dá, e para onde exatamente cada um vai,
podemos ter a certeza de que não é o fim,
e de que algo nos espera quando lá chegarmos,
e ai iremos entender plenamente.

Cada um no seu devido tempo,
em uma experiência que é única e intransferível.

O livro é belamente ilustrado por Lese Pierre,
que traz em suas ilustrações a calmaria,
e igualmente momentos mais sombrios,
que como disse no começo de nosso bate papo,
o livro permeia entre emocionante e tocante,
sombrio e tenebroso.







Infelizmente o livro está esgotado na Saraiva e no Submarino,
se você se interessou, talvez tenha sorte
em alguma livraria física, ou até mesmo no sebo.

Este foi nosso bate papo de hoje!
Obrigado por sua companhia,
e nos vemos em breve!














*Escrito ao som de "Paint the Sky With Stars: The Best of Enya"

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